domingo, maio 30, 2004

Eu já havia pensado nisso antes, mas uma situação me fez pensar no assunto novamente: Como é maliciosa a expressão "Ações Afirmativas".

Um garoto veio ao banco entregar a sua inscrição para o vestibular. Conferindo a inscrição para ver se ele não havia esquecido de preencher nenhum campo percebi que ele não havia respondido uma das perguntas do "questionário socio-economico". Perguntei porque e ele disse que não tinha entendido a pergunta: Qual sua opinião sobre as políticas de Ação Afirmativa.

Expliquei fazendo um esforço tremendo para ser "imparcial", mas quando percebi que ele estava quase colocando a opção "acho positiva", provavelmente seguindo o raciocínio do "se é afirmativa deve ser positiva", fui obrigado a intervir: "Olha, já que tu não sabe nem do que se trata acho que tu deveria colocar a opção 'não tenho opinião formada'". Deu certo.

Enquanto explicava eu pensava "coitado, não sabe nem isso, vai só desperdiçar o dinheiro da inscrição". Qual a minha surpresa quando chego em casa e vou contar o acontecido para minha irmã - que faz medicina na UFSC, de longe o vestibular mais concorrido do estado - e ela me olha com cara de interrogação: "Mas o que é ação afirmativa?".

Provavelmente depois vão pegar o resultado desse questionário e apresentar de boca cheia: Os brasileiros são a favor das cotas. Mentira.

quinta-feira, maio 27, 2004

Pensando bem, a contradição da qual falei no post anterior não chega a ser tão contraditória assim. A minha defesa da iniciativa privada é basicamente fundamentada na teoria do Pai da Economia, onde a busca do bem estar individual acaba gerando um aumento do bem estar geral. O problema é que essa equação acaba invertida quando é distorcida pela presença de um Estado excessivo.

Exatamente o que está acontecendo. A busca do meu bem estar foi redirecionada pela presença excessiva do Estado na economia (Tratando-se de bancos, o Estado deveria se limitar a um Banco Central emissor de moeda ou, segundo Hayek, nem isso). Eu estou sendo coerente com o que defendo fazendo o meu papel, ou seja, buscando o que é melhor para mim. O fato de o Estado ser mais atrativo exatamente porque ele extermina a iniciativa privada é uma distorção.

A contradição está apenas na minha consciência de que essa minha escolha acaba, indiretamente, prejudicando outras pessoas. O que poderia até ser interpretado como uma atitude de má fé. Aqui entra o velho "se não fosse eu seria outro", mesmo que eu não fizesse essa escolha, o prejuízo continuaria sendo feito.

p.s. - Aceitando e rebatendo (no mesmo nível) a provocação dos comentários: Não acredito que um 80º lugar em um concurso com mais de 70.000 candidatos possa ser considerado um "atestado de incompetência", mas quem sou eu para dizer...

terça-feira, maio 25, 2004

O número de posts aqui no blog deve diminuir um pouco, pelo menos até eu me acostumar com o horario do meu novo emprego. Se é que interessa a alguém, é num banco. Estatal. Acho que não tem muito o que explicar da contradição que é defender a iniciativa privada ao mesmo tempo que se é um "funcionário público". É uma simples questão de sobrevivência. Apesar de defender a diminuição do Estado infelizmente tenho certeza que, pelo menos por essas bandas, ainda vai demorar muito para fazer as pessoas entenderem como é importante essa diminuição, e enquanto isso não começar as empresas privadas vão continuuar quebrando aos montes.

Se eu por acaso perder meu emprego porque a diminuição do Estado começou sairei feliz da vida, porque sei que pra cada funcionário público que perde o emprego várias novas vagas podem ser abertas na iniciativa privada, então basta procura-las.

quarta-feira, maio 19, 2004

Esse texto foi colocado como comentário no post anterior.........Gostaria de salientar que não é o objetivo desse blog postar textos alheios, para esses basta um link, mas como esse foi postado como comentário não posso fazer isso. Se a pessoa que colocou isso nos comentários retirou o texto de algum outro lugar por favor me avise, assim colocarei apenas o link, já que, como eu disse, esse não é o objetivo do blog.

Como muitos já disseram, o artigo era do Olavo de Carvalho, coisa que eu cheguei a suspeitar pelo estilo, mas não pude conferir pois a página do filósofo estava fora do ar (se não me engano ainda está).

Muitas pessoas já me avisaram que o artigo era dele - agradeço a todas - e esse é exatamente o maior motivo pelo qual eu não gosto de postar textos alheios: provavelmente a maioria das pessoas que passam por aqui já os leu onde foram publicados originalmente, ou se não leram é porque acidentalmente passaram por aqui antes. O universo "destro" ainda é, infelizmente, muito restrito e por isso a maioria das pessoas que acompanha alguma coisa acaba acompanhando o resto, então postar escritos de outrém acaba sendo repetitivo. Sendo assim, peço que não o façam nos comentários também...

segunda-feira, maio 17, 2004

Hoje é dia de comemoração!

Hoje provavelmente* é o nosso "Tax Freedom Day", tudo que ganhamos até hoje foi pro buraco negro estatal, a partir de hoje começamos a trabalhar para nós mesmos.

Eu sei que é meio estranho comemorar esse dia. É algo como a comemoração da abolição da escravatura, onde se comemora o fim de uma coisa que não deveria ter acontecido e portanto seria melhor que não houvesse motivo para comemorar. Mas já que há...

O triste é que nessa comemoração não se pode beber muito, já que sendo as bebidas alcoólicas taxadas acima da média dos outros produtos, quando se gasta muito com bebidas alcoólicas acaba se atrasando ainda mais esse dia e ficando sem motivo para comemorar. A não ser que você seja o presidente e tenha o privilégio de beber com o dinheiro do contribuinte.

* - como eu disse em outro post (dia 11/4), o cálculo que encontrei resultava no dia 16, mas já alertava para um provável atraso devido a alguns aumentos de tributos que não entraram no mesmo...

quarta-feira, maio 12, 2004

Bom, agora que o governo provou sua incrível capacidade de transformar uma situação a seu favor numa contra, sou obrigado a contrariar o que disse ontem: A melhor reação acabou sendo da "oposição" (sempre entre aspas, infelizmente):

"...o governo mostra que não resiste a uma dose de democracia. Quem tomou essa decisão, na minha opinião, só podia estar de porre."

Bastou uma crítica para o governo deixar transbordar a tendência totalitarista característica dos esquerdistas...

terça-feira, maio 11, 2004

Chega a ser engraçado ver a indignação de membros do governo, chamando de "difamação" e "calúnia" uma afirmação que eles sabem muito bem, assim como todo brasileiro, é verdadeira: O Presidente bebe.*

Mais hilário ainda é ver a "oposição" se juntar ao coro, em uma reação ainda mais ridícula que a dos próprios integrantes do governo e partindo para o ataque aos EUA sem conseguir separar a figura do jornalista do seu país (até porque o próprio jornal, o NYT, pode ser chamado de "jornal de oposição" por lá), chamando a política externa americana de "política bebada". Aqui, é claro, entra muito de oportunismo, todo mundo sabe que hoje em dia falar mal dos EUA por essas bandas é cool.

Com fotos como essa ali do lado, que é uma de muitas que comprovam o que é dito no artigo, fica bem difícil fazer alguma coisa que não seja espernear mesmo. A única reação inteligente seria aproveitar o conselho do Diogo Mainardi e fazer Lula parar de beber, pelo menos em público...

* - O link para a matéria do NYT precisa de cadastro, é de graça, mas precisa...

segunda-feira, maio 10, 2004

'Governo por si só não gera emprego', diz Berzoini
O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse não acreditar que "o governo possa por si só gerar empregos, salvo as contratações nas estatais e no setor público".

Uma das poucas vezes que concordo com alguém do Governo, ou será que é ele que concorda comigo? Já que eu falei praticamente a mesma coisa em um post do dia 2 de Maio?

De qualquer maneira, o ministro ao mesmo tempo que acerta no problema, passa longe da solução. Na entrevista falou muito e em nenhum momento passou perto da solução mais lógica - e muito provavelmente a única - para o problema, como eu disse antes, a redução dos impostos.

China estabelece controle de preços contra inflação

É...pelo jeito essa mania, quase masoquista, de aprender quebrando a cara ao invés de aproveitar experiências históricas para evitar perda de tempo - e algumas vezes vidas - não é exclusividade do Brasil...

Ainda sobre o caso das fotos mostrando o maltrato e humilhação* de prisioneiros iraquianos repito que acho que essa prática não é exclusiva dos americanos** e muito menos da guerra.

Um fato que só fiquei conhecendo depois de afirmar isso pela primeira vez, mas que reforça a afirmação, é que muitos dos soldados envolvidos no episódio eram agentes carcerários antes de irem para a guerra, ou seja, essa prática já devia fazer parte das vidas deles antes de entrarem para o exército.

O crime não é menor por causa disso, mas é uma gande hipocrisia fazer o estardalhaço que se está fazendo por causa dessas fotos enquanto a mesma coisa, ou pior, acontece em vários outros lugares, muito provavelmente em seu país. O fato de as fotos terem aparecido acaba sendo um ponto positivo. Possível apenas em uma democracia. Pior para os presos dos quais as fotos não aparecem, que vão continuar sendo humilhados...

* - não gosto da expressão "tortura", porque pelo menos no que eu entendo, a tortura não é um fim e sim um meio - condenável claro - de se conseguir alguma coisa, normalmente informações, o que não parece ser o caso. Mas aqui sei que não adianta cobrar sobriedade no uso dos termos, a situação acaba sendo a mesma da palavra "massacre". No dicionario dos jornalistas a definição deve ser algo como "Massacre: Assassinato de duas ou mais pessoas".

** - qualquer um que tenha assistido a um filme sobre a vida em prisões deve ter visto coisa parecida, o próprio "Carandiru" deve ter cenas que lembram essas fotos, só não posso afirmar porque não assisti, infelizmente não assisto filmes brasileiros, por recomendação médica)

sexta-feira, maio 07, 2004

A pagina da BBC Brasil está fazendo um fórum com a pergunta: "Qual é a melhor maneira de gerar empregos no Brasil?". Algumas respostas são inacreditaveis, essa por enquanto está ganhando:

"A única maneira de acabar com o desemprego é acabar com o emprego. Este sistema está falido, e tem de ser substituído por cooperativas de trabalho que associem toda a mão-de-obra de uma região, distribuindo entre todos o resultado do trabalho dos associados ativos."

Outra boa é essa:

"Os trabalhadores deste país devem se unir para acabar com o capitalismo, que é um sistema opressor, só o socialismo irá oferecer uma sociedade sem classes e igualitária! Socialismo ou Barbárie!"

É interessante perceber que as duas foram dadas por gaúchos.

Mas botando de lado essas idiotices, é bom perceber que a resposta que mais aparece é a mais sensata (apesar de não passar perto da agenda dos políticos): redução da carga tributária.

Isso quase me faz começar a ter esperança que isso aqui um dia ainda dê certo...

Algumas notícias eu simplesmente não sei como os jornalistas conseguem repassar sem morrer de rir. Pensei nisso ontem, enquanto assistia no Jornal Nacional, não-lembro-quem anunciando que, devido aos atentados em Atenas, vai ser enviado um - eu disse UM - delegado para garantir a segurança da delegação brasileira nas olimpiadas.

Acabei pensando no assunto de novo agora, ao ler essa manchete: Ambev garante que vazamento só ocorreu para a imprensa

É impossivel imaginar alguém escrevendo uma manchete dessas com cara de sério...

Sinceramente não sei o que poderia estar procurando alguém que chegou aqui procurando por "Lula penn state eritrea"...

quinta-feira, maio 06, 2004

Ainda não entendi porque estão chamando de "derrota do governo" o arquivamento da MP dos Bingos. A medida provisória foi editada com o único objetivo de abafar o caso Waldomiro, tarefa que cumpriu com sucesso. A proibição dos bingos nunca foi o objetivo, até porque como estava prestes a ser investigado, os bingos seriam uma grande fonte de recursos para campanhas de políticos do PT. Agora, véspera de eleições, a medida é arquivada e a torneira de recursos é reaberta, mais do que em tempo de financiar as campanhas.

Pode parecer uma teoria da conspiração, mas acho que essa medida já tinha o arquivamento previsto - e planejado - quando foi editada e a votação só foi tão próxima para não deixar muito na cara. Vitória dupla para quem fica com o dinheiro e ainda com a fama de "defensor da moralidade", nada de derrota.

Na verdade acho que a única parte que falta entender mesmo é a separação entre o partido e o governo, mas isso fica cada dia mais dificil, principalmente quando se tem estrelas vermelhas nos jardins...

Sem pedir deculpas por tortura, Bush tenta acalmar árabes

Que as manchetes são na maioria tendenciosas eu não preciso falar de novo, mas essa aí é de um mau-caratismo acima da média. É óbvio que o Presidente Americano não pediu desculpas, já que começou o discurso dizendo que o ocorrido é simplesmente indesculpável. Coisas parecidas devem ocorrer em presídios de quase todo o mundo, no Brasil então nem falo. Repito, não por isso deixam de ser indesculpáveis, devem ser todas investigadas e o culpados levados à justiça, mas não passam nem perto da gravidade que estão tentando dar a essas imagens, como por exemplo comparando-as às torturas ocorridas durante o regime de Saddam Hussein.

Mr. Manson, do Cocadaboa, que não pode nem de longe ser chamado de "direitista", faz uma piada bem pertinente:
Tortura dos EUA no Iraque? Fala sério! Olhando bem para as imagens concluí que o lance tá mais light e menos humilhante do que os trotes que já presenciei na UFRJ.

terça-feira, maio 04, 2004

Para quem discordou de mim quando eu falei que o governo está fazendo mais, muito mais, do que devia, aqui vai a prova definitiva que o governo anda muito ocupado:

Governo federal lança CD com hino do Fome Zero

domingo, maio 02, 2004

O governo vive dizendo que vai "criar não-sei-quantos empregos". Mentira. O Estado não cria empregos, quem cria empregos é a iniciativa privada. A única coisa que o Estado faz é atrapalhar, impedindo a iniciativa privada de criar os empregos. O governo dizer que criou empregos é a mesma coisa que o assassino dizer que criou vida por ter deixado de matar. Incluindo a possibilidade de o assassino tentar matar mas a vítima conseguir fugir.

Os únicos empregos que o governo tem capacidade de criar ele já criou, empregando "companheiros". O problema é que cada emprego desse tipo custa o emprego de várias pessoas.

"Enquanto a redução da carga tributária não entrar na agenda dos governantes não haverá desenvolvimento algum no Brasil."

Essa frase do artigo de José Nivaldo Cordeiro resume meu desanimo sempre que vejo alguém falar sobre desenvolvimento no Brasil. Parece simples, e é. Claro que tem várias consequencias, já que com uma carga tributaria menor o governo tem menos dinheiro pra gastar e acaba tendo que cancelar os programas ditos "sociais", mas isso é o de menos. Quem quer trabalhar não precisa de programas sociais.