segunda-feira, setembro 20, 2004

Por que será que as pessoas que hoje falam em "paz" são exatamente as mesmas que sempre que querem alguma coisa "brigam por seus objetivos", que quando são alcançados, consideram "uma luta vencida". Usando também "guerra" e "batalha"? Assim como muitas delas não pensam duas vezes antes de iniciar um quebra-quebra ou ainda antes de agredir alguém - sempre em bando é claro - apenas por discordar? Cínicos.

domingo, setembro 19, 2004

Greve dos bancários. O meu banco não entra na greve, não por falta de vontade da maioria dos funcionario, mas porque existem dois tipos de funcionário no banco. Os que entraram no ultimo concurso, nenhum com mais de 5 meses de casa e portanto ainda nem podem aderir a greve - e mesmo que pudessem seria uma grande hipocrisia, se não gostava do salário porque fez o concurso? E os antigos. Que como o banco está em processo de privatização, foi realizado um PDI (Programa de Demissão Incentivada), ao qual praticamente todos os funcionarios aderiram, e estão apenas esperando para ir embora. Com o PDI assinado, esses funcionarios podem ser demitidos a qualquer momento e sendo assim ficam todos com medo de aderir à greve.

Para o sindicato não interessa se os funcionários não aderiram a greve. Sexta feira cheguei na agencia e na frente dela algumas pessoas de outros bancos impediam a entrada de clientes e funcionários - pela entrada principal pelo menos. Além de fechar a agencia, colaram cartazes de "estamos em greve". Mentira.

Cheguei disposto a entrar de quaquer jeito, nem que eu tivesse responder à violencia dos grevistas na mesma moeda (Como falei em um post anterior, considero a ação de impedir a passagem de uma pessoa uma agressão física) afinal, não adiantaria tentar usar a razão.

A minha surpresa foi o desespero dos funcionários, me pedindo para entrar pela porta dos fundos. O que me impediu de entrar pela porta da frente foi apenas o medo do segurança de abrir a porta, gesticulando desesperadamente para que eu fosse para a porta dos fundos. Pelo velhinho que tentava fazer cara de mau parado na porta eu certamente passaria.

Dentro da agencia reclamei "mas nós não estamos em greve". A resposta não podia ser mais brasileira: "Fica quieto, é melhor assim, não fazemos greve mas também não trabalhamos".

Até agora não entendo o medo que, principalmente os gerentes, têm do sindicato. No fim do dia fui até a frente da agencia e arranquei os cartazes de "estamos em greve". Levei uma bronca: "Porra, daqui a pouco o sindicato vai achar que foi a administração que arrancou". E daí? Quem se importa com o que a porcaria do sindicato vai achar ou deixar de achar? Alias, nunca achei que sindicato achasse alguma coisa.

Só sei que eu não estou em greve...

quarta-feira, setembro 01, 2004

Eu falei do horario eleitoral, mas os noticiários brasileiros as vezes conseguem ser tão engraçados quanto. Hoje ao falar da convenção republicana o jornal tentou fazer dos protestos anti-Bush o foco da reportagem. Só que na hora de filmar imagens dos protestos na rua, eles filmaram um cartaz igual a esse aí do lado, do Protest Warrior.

Já sobre o livro "Unfit for Command", e sobre a ação do grupo "Swift Boat Veterans for the Truth", que são provavelmente os assuntos mais discutidos - o livro é o mais vendido - por lá, para não dizer que não vi nada, no final de uma notícia em que se chamava a atenção para o perigo dos "radicais da extrema-direita* conservadora republicana" vi um pequeno comentário que citava o lançamento do livro. Claro que dito muito rápido, para não chamar muito a atenção. Se alguém está esperando que o livro seja lançado no Brasil, é melhor esperar sentado.

Enfim, é uma tristeza ver alguém tentar opinar sobre as eleições americanas conhecendo apenas o que chega pela mídia tupiniquim, que além de ser uma parcela muito pequena do todo ainda chega de pernas pro ar. Uma pessoa que não lê nem assiste nada sobre o assunto provavelmente esta mais apta a opinar...

* - já perceberam que não existe uma "direita", é sempre "extrema direita"? Mas isso é até compreensível quando se sabe que o eixo está deslocado. Nos meus apuradíssimos cálculos, se o eixo político fosse uma gangorra, seria algo como nesse desenho (desculpem a complexidade do desenho, tentei simplifica-lo mas como trata de um assunto complexo a sua representação acabou sendo um tanto complexa também):


Ou seja, tudo o que está à direita do centro "verdadeiro", ou seja, o meio da tábua, está na extrema direita do eixo brasileiro.

Sobre esse "centro", estou cada vez mais propenso a acreditar que ele é na verdade um espaço vazio, um vácuo no qual ninguém pode estar, mas sobre isso penso depois. Além de tudo seria difícil de representar esse conceito no meu já tão complexo esquema socio-político-econômico-ideologico...