quarta-feira, novembro 05, 2008

Crise, surpresas, pesquisas e ACORN

Ohio e Flórida eram decisivos e foram ambos para Obama, levando a uma vitória folgada. Era de se esperar que esses dois estados fossem para o democrata que deve agradecer ao seu maior cabo eleitoral: a crise financeira. Apesar de não ser culpa dos republicanos (muito antes pelo contrário), qualquer crise é sempre debitada na conta de quem está no poder. Não fosse a crise os democratas teriam que suar muito para ganhar essa eleição. Não precisaram.

As surpresas ficaram por conta de Carolina do Norte, Virgínia, Indiana e – em menor escala – Colorado. A diferença nesses estados foi pequena (50-49, 52-47, 50-49, 53-46). Alguém poderia perguntar "mas como surpresa se as pesquisas já apontavam a vitória de Obama nesses estados?". Esses quatro estados tiveram vitória de Bush com grande margem em 2000 e principalmente em 2004 quando a popularidade de Bush – diziam os grandes jornais americanos – já não era lá essas coisas. Era muito improvável que os democratas invertessem a equação e ainda deixassem uma margem alta como previam as pesquisas. Aqui vale perguntar de novo: até que ponto as pesquisas são profecias auto-realizáveis? Até que ponto essa pequena diferença pode ser explicada pela falta de ânimo dos eleitores de McCain em sair de casa para votar com uma diferença que torna seu voto insignificante? Principalmente levando em conta que um considerável número de eleitores de McCain não gostava dele, estava simplesmente escolhendo o menos pior. Em uma eleição em que o voto não é obrigatório, como deve ser, isso pode fazer toda a diferença.

Com exceção de Virgínia e Colorado todos os estados dos quais falei até agora são alvo de denúncias relativas a fraudes no cadastramento de eleitores. Indiana e Carolina do Norte ficaram com diferença de apenas um ponto percentual. Não esperem ver toda a choradeira e gritaria sobre "stolen election" de 2000 porque essa choradeira teria que ser – como foi em 2000 – amplificada pela divulgação nos grandes jornais americanos, todos democratas que irão certamente se silenciar. Mas com certeza vai ter gente reclamando.

1 comentário:

Anónimo disse...

A tese de que o cara não vai votar porque não adianta mesmo me parece tão válida quanto a que diz que o cara não vai votar porque já está ganho...

No mais, as pesquisas, no geral, estavam sim um pouco mais para Obama.