terça-feira, janeiro 09, 2007

Sobre o caso da donzela que não sabe ficar com as pernas fechadas em locais públicos:

O juiz não deve saber ligar um computador. Querer que ele entenda, por mais superficialmente que seja, o funcionamento da Internet, mais especificamente do próprio YouTube é querer demais. Querer que ele tenha a humildade de pesquisar ou quem sabe perguntar para alguém que entenda do assunto então, nem pensar, ele é o todo poderoso. É triste mas é comum, muita gente acha que um curso de Direito e uma aprovação em um concurso são suficientes para decidir sobre todos os assuntos. Enfim, a união da ignorância com a arrogância.

Não vai demorar para aparecer gente defendendo que a dificuldade de cumprimento da decisão e os desentendidos no caso aconteceram por falta de legislação específica voltada para a Internet. Besteira da grande. O Brasil tem leis demais, praticamente todas ruins. Mais leis não são solução para nada, invariavelmente pioram a situação. O bom senso é suficiente. O único problema é que este não faz parte da cultura brasileira. E quem não gostar é um colonizado cara-de-melão.

Achar que existe qualquer ação que possa ser tomada e vai realmente tirar o vídeo de circulação é, como eu já disse sobre o desembargador, uma completa ignorância sobre o funcionamento da Internet. O processo mostra que também é ignorante o requerente, sem contar a arrogância do riquinho mimado.

Em último caso, isso pode ser apenas uma tentativa de ganhar dinehiro fácil, processando quem quer que seja, sempre indiretamente responsáveis pela distribuição do vídeo. Se a vítima pretendida é o proprio YouTube, vão quebrar a cara, já que como a hospedagem é nos E.U.A. o que importa é a justiça de lá, e lá a justiça é séria (apesar de estar se degradando, está muito a frente da justiça brasileira, que por sua vez tem uma capacidade incrível de se degradar em uma velocidade sempre maior).

O episódio apenas desnuda uma tendência não só comum como muitas vezes defendida em alto volume, não só entre os magistrados e políticos como na população em geral, de privar todos por desvios de poucos. Lembrando que a classificação desse caso como um desvio ainda não é uma questão fechada.

O conceito de liberdade individual no Brasil está há tempos na UTI, já podem chamar o padre.

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