quarta-feira, novembro 29, 2006

Sei que é um pouco tarde para falar das eleições americanas, mas acho que é até melhor assim, pois o próprio esfriamento do assunto acaba por corroborar o ponto que eu vou defender: A eleição dos democratas não muda quase nada na política americana.

O quase fica por conta das possíveis indicações judiciais barradas pela maioria democrata. Na pratica essa vai ser a única real derrota dos republicanos.

Ao contrário do que se tentou tornar senso comum aqui no Bananão, a derrota dos republicanos não se deve ao 'conservadorismo' de Bush, muito antes pelo contrário. Os conservadores americanos rejeitaram Bush* exatamente pela sua posição contrária aos princípios conservadores no que se refere a gastos estatais - grande parte dos republicanos é liberal, no sentido clássico da palavra, e acredita nas virtudes do Estado mínimo - Bush aumentou os gastos, também na questão da imigração Bush apoiou o 'outro lado' ao defender a anistia para imigrantes ilegais, enfim, o problema é que Bush não está sendo conservador o bastante. Isso se reflete na eleição de democratas considerados mais conservadores.

* - As mid-term elections nos EUA são frequentemente consideradas um plebiscito para a avaliação do presidente.

Quanto a questão que foi considerada como principal, a guerra no Iraque, por mais que se discuta o que está certo ou errado, uma coisa é consenso: Não se pode fazer uma retirada do Iraque, e nem apresentar uma cronograma de ação ao inimigo. Os democratas sabem muito bem disso, e isso não tem chance nenhuma de acontecer. Portanto uma mudança brusca de estratégia simplesmente não haverá.

No final das contas os beneficiados são os republicanos, pois os democratas passam a não poder mais fazer a oposição destacada da realidade que vinham fazendo, afinal não tinham obrigação de fazer o que diziam, e passam a dividir a responsabilidade pelas ações tomadas, sejam populares ou não.

Por mais estranho que pareça, acho que a eleição dos democratas agora torna mais provável a eleição de um republicano para a presidência em 2008.

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