quarta-feira, abril 14, 2004

A comparação entre a guerra do Iraque e a guerra do Vietnã está sendo a arma mais utilizada pelos canhotos das mais variadas espécies na tentativa de desmoralizar a primeira. Já os conservadores americanos afirmam que essa comparação é completamente fora do contexto. Eu acho que a comparação até tem uma certa validade, obviamente que não no sentido que os que a fazem querem insinuar.

A base da comparação que está sendo feita é a idéia de que os americanos perderam a guerra do Vietnã e através da comparação pretendem sugerir uma inevitável derrota. Eu discordo em grande parte dessa idéia. Militarmente não se pode, nem de longe, dizer que os americanos perderam a guerra do Vietnã. Mataram pelo menos dez vezes mais do que morreram e não perderam nenhuma batalha importante. As tropas foram retiradas por pressões políticas internas e não por derrotas militares. O único sentido no qual se pode dizer que perderam a guerra é que eles não atingiram o seu objetivo final, que no caso era impedir o avanço dos comunistas, fazendo isso acabariam poupando a população de uma ditadura sangrenta, que após a retirada americana matou mais do que a própria guerra. Não estou dizendo que os americanos entraram na guerra porque são bonzinhos e queriam salvar os pobres vietnamitas, eles tinham um interesse, só que mais indireto do que direto.

Aqui entra a comparação que acho válida, pois no Iraque a expressão "ditadura sangrenta" pode ser aproveitada e a maior beneficiada com uma vitória americana será população local, ou seja, os iraquianos. Os americanos novamente não estão lá por solidariedade, eles têm um retorno que além de indireto é incerto mesmo quando conseguida a vitória mas eles avaliaram que esse retorno compensa o risco de fracasso, como em qualquer avaliação de risco.

Outra parte dessa comparação que pode ser considerada válida é a idéia de "atoleiro" - numa tradução de "quagmire", que de tão repetida pelos democratas ninguém mais leva a sério. A diferença é que o "atoleiro" não fica no Iraque, no campo de batalha, como afirmam os torcedores pela derrota americana. Ele fica nos próprios EUA, mais particularmente na mídia e conseqüentemente na opinião pública. Exatamente como aconteceu no Vietnã, onde os comunistas "internacionais", principalmente soviéticos, pouparam esforços militares ao mesmo tempo em que os concentraram em jogar a opinião pública americana, e mundial, contra a guerra. Enfim, o atoleiro é feito de desinformação e manipulação da mídia, dentro e fora dos EUA, e não de um bando de fundamentalistas malucos e despreparados no Iraque.

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