terça-feira, julho 22, 2003

Exército da Colômbia anuncia a morte de 23 guerrilheiros.

Sobre a notícia em si não há muito o que falar, no máximo que o numero poderia ter sido maior, mas o interessante está no comentário do ultimo parágrafo:

No conflito interno colombiano --que já dura quase 40 anos e deixa anualmente pelo 3.500 mortos, na maioria civis-- os atores em choque vão de guerrilheiros de esquerda a esquadrões paramilitares de ultradireita, além das forças armadas do Estado.

Ultradireita? Isso só pode ser piada. Os grupos paramilitares "de direita" colombianos são, na maioria, grupos que resolveram reagir à violência das FARC. Eles não tem uma "ideologia" definida, são pessoas que decidiram lutar por conta própria contra os terroristas já que o Estado foi e é, como de costume, ineficiente ao cumprir esse dever. Não estou aqui defendendo esses grupos, que muitas vezes acabam cometendo atrocidades semelhantes às das FARC, como por exemplo assassinar camponeses por suspeitarem que estes apóiam as FARC. Até concordo com essa classificação de "de direita", já que eles são simplesmente contra a esquerda - representada, sem muita contestação, pelas FARC, mas "ultradireita"? Quanto a essa palavra só digo uma coisa: pfff

Outra questão é relativa ao "na maioria civis", aqui entra uma velha pergunta: Um civil armado* no meio de uma batalha continua sendo um civil? Militar, teoricamente é quem é do exército e nessa categoria não entram nem os guerrilheiros nem os paramilitares, serão eles considerados "baixas civis" então? Isso vale também para o que acontece agora no Iraque, todos iraquianos (ou não) que são mortos em combate nessa fase são considerados civis, já que o Iraque não tem ainda, um novo exército regular? Questão válida também para os terroristas palestinos (na verdade para todos os terroristas de todas as causas), quando são mortos em combate contra os soldados israelenses são considerados civis?

Outro ponto interessante: Se alguém resolver pesquisar no dicionário verá que a diferença entra uma guerrilha e uma organização paramilitar é que a ultima tem organização e disciplina militares, enquanto a primeira não teria organização alguma, seria baseada em ações independentes de um comando central, enfim, uma "desorganização" - de onde também é fácil concluir que uma "organização guerrilheira" é uma contradição. Acho que ninguém discordaria de mim, mas eu tenho certeza que as FARC são muito bem organizadas, com direito até a alguma coisa semelhante a uma hierarquia de patentes entre os integrantes. Então porque seus terroristas são considerados guerrilheiros e os outros paramilitares? Acho que hoje em dia essa definição mudou um pouco, com a nova definição ficando algo como: Guerrilheiros são de Esquerda e Paramilitares de Direita. Até porque assim se pode continuar com a campanha de "glamourização" do Guerrilheiro, que hoje em dia já virou praticamente um sinônimo de herói.

Em pouco tempo todos vão poder jogar os dicionários fora, já que não servirão para nada. Quem sabe trocando-os por uma "novíssima" versão digital, que é bem mais fácil de ser editada, de acordo com a vontade de quem estiver no poder...

* - Se alguém concluir aqui que estou dizendo que os civis não devem ter armas eu dou um tiro pra aprender a entender as coisas direito. Isso, é claro, quando eu comprar uma arma, se eu comprar. Hoje não tenho dinheiro para comprar uma arma (legalmente) e para praticar, mas quando tiver, se as coisas continuarem no ritmo que estão não poderei comprar do mesmo jeito.
(É duro ter que fazer isso, mas lá vai: Isso foi uma brincadeira. Antes que apareça um guevarinha metido a besta dizendo "Viu como os direitistas são violentos e não respeitam a opinião dos outros!!! Ele disse que vai atirar em quem discordar!!! Prendam ele!!! Ameaça de assassinato!!!", assim bem cheio de pontos de exclamação mesmo...)

Sem comentários: