sexta-feira, abril 25, 2003

Todos já devem ter conhecido alguém que pensa completamente diferente (o que pelo menos comigo, no Brasil, é ridiculamente fácil), mas que mesmo assim não deixa de ser amigo, com várias discussões, em volumes variados, mas sempre tratadas apenas como discussões. (Outra palavra que a "minha" definição difere um pouco da "usual", para mim, uma discussão é apenas uma conversa em que as idéias são opostas. A maioria das pessoas considera discussão um sinônimo de briga). As discussões quase sempre terminam com um "por hoje chega, agora vamos beber". E cada um fica com um sorrisinho no canto da boca: "Um dia ele vai ver que eu estou certo".

O problema é quando se descobre que o "caso" do seu amigo é "mais sério" do que você pensava:
Hoje recebi - através da minha irmã, que cursa Direito - um folheto de propaganda de uma chapa que está concorrendo à eleição para o Centro Acadêmico de Direito (Que na verdade tem outro nome, mas não lembro qual é). O folheto parece mais uma cartilha vinda de algum partido comunista, com desenhos que tenho quase certeza já ter visto em alguma propaganda comunista, como o desenho de um punho cerrado erguido.

O presidente da chapa é um desses amigos que discutia comigo. Só parou porque se afastou um pouco do antigo grupo de amigos, que continua praticamente o mesmo, com exceção dele, que se afastou exatamente quando começou a cursar Direito.

O pior da "cartilha" está dentro, é claro:
"Gostaríamos de ressaltar que o caminho para mantermos nossa universidade pública, gratuita e com o mínimo de qualidade, é nos manifestarmos contra instituições que visam somente o lucro, direta ou indiretamente..."
Ou ainda:
"A presença da Polícia Militar [no campus] serviria como uma força opressora. Sabemos ainda que os movimentos sociais de classes minoritárias e oprimidas têm respaldo, apoio e segurança dentro dos campi das universidades federais, sendo este seu último refúgio."
Esse segundo parágrafo faz parte de uma campanha dos usuários de maconha e dos "comunistas universitários" (não preciso lembrar o tamanho da intercessão que existe entre esses dois conjuntos) para que a polícia continue não podendo entrar no campus, onde eles encontram porto seguro para "fazer a cabeça".

Na parte de "propostas", ao lado de uma Festa do Pijama, eles colocam uma "Campanha de solidariedade aos presos políticos". Não sei porque, mas tenho certeza que eles não estão falando de Cuba...

Continua sendo um amigo, espero que não deixe de ser, mas fica a sensação de "esse não tem volta", é triste...

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